Wednesday, March 16, 2005

audition



takashi miike faz parte de uma nova leva de diretores japoneses que fazem uma espécie de cinema extremo de cuja fonte diretores ocidentais como tarantino e, porque não, peter "o senhor dos anéis" jackson, bebem desavergonhadamente. o filme em questão, "audition", foi filmado em 1999, três anos antes do filme que visibilizou miike internacionalmente: "ichi the killer".

"audition" conta a história de um viúvo que está a procura de uma nova esposa. como ele trabalha em uma produtora de cinema, um de seus colegas sugere que eles façam um teste (a audition do título original) para um filme que não vai existir e, dentre as moças que vão fazer esse teste, o nosso herói escolheria sua nova esposa. o cabra escolhe uma das moças, porém, a mulher tem segredos escabrosos que o pobre viúvo jamais poderia adivinhar. ela "fisga" homens solitários e os seduz, apenas para depois mutilá-los (cortando seus pés, dedos da mão e língua) e mantê-los cativos.

o que é mais impressionante nesse filme é o fato de a primeira hora ter uma narrativa lenta, contemplativa, de acordo com o estado sorumbático do viúvo e, a partir dos quarenta minutos finais, ganhar um aspecto de pesadelo na medida em que o personagem principal começa a entender as verdadeiras intenções da sua "escolhida".

em termos de brutalidade, "ichi the killer" estaria mais em concordância com "kill bill", com sua violência quase de desenho animado, estetizada. quando, em "kill bill", lucy liu corta a cabeça de alguém, a nossa primeira reação é dar uma gargalhada. assim como em "ichi the killer", no qual a violência não causa desconforto, por ser, por assim dizer, totalmente "de mentira". no "audition" (assim como em "jackie brown", do tarantino) a violência é mais desconfortável, pois é mais crua, não é tratada como espetáculo, e sim como testemunho da nossa carnalidade, e conseqüente mortalidade.

importante também, no "audition", é o som que acrescenta mais "realismo" às cenas mais violentas. me parece que, em todos os aspectos, miike quis fazer o filme mais verossímil, no sentido de que o que está acontecendo com o personagem principal poderia acontecer com qualquer pessoa.

isso sem falar no apuro técnico, que faz de "audition" um filme digno de passar em qualquer aula de aula de cinema. desde os enquadramentos pouco convencionais até a montagem não-linear.

imperdível.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Bom o texto. Informativo e, ao mesmo tempo, analítico. Assim é que é, ainda mais que, agora, é que tou entrando no cinema extremo.

6:32 AM  

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