Saturday, August 13, 2005

sangue e cansaço nas veias,
nenhuma linha escrita em meses,
como se nada bom ou ruim
que causasse espécie
viesse na minha esteira

e o que interessa?
alegria postiça
não mais me interessa,
tristeza farsesca
não mais me interessa:

expedientes inúteis,
sinapses insinceras,
não eriçam os pêlos
não aquecem a pele.

na página, sem querer, inércia
a bile descompensada
não gera mais nada
senão eco sobre eco

estiagem da tinta,
seca severa das metáforas,
aragem abandonada,
os versos, terras calcinadas.

2 Comments:

Blogger ideiasaderiva said...

Este metapoema sobre o não conseguir poético é filosoficamente uma belíssima contradição (como aquela afirmação de Einstein é uma farsa matemática). Doloroso (ainda mais para quem faz da esteira branca, o local da catarse), riquíssimo e original em sua série de imagens. Pensei em ressaltar os versos que mais me agradaram. Mas, gostei de todos. É o fazer que nasce da reflexão sobre a inércia. O interessante é pensar que, muitas vezes, esta temática, surrada, gera excelentes momentos - como este. Valeu.

6:05 AM  
Blogger fabiano m. said...

valeu, max. belíssima imagem a da "esteira branca": é a crítica literária tomando emprestada as metáforas da poesia! forte abraço.

7:23 AM  

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