Friday, May 27, 2005

cenas fluminenses I

sentado no bar jóia em icaraí, bebendo uma cerveja e esperando o filme uruguaio "whisky" começar no cine-arte uff. um homem de cerca de 60 anos fala com outro na mesa ao lado, a voz embargada por algumas cervejas. ouço apenas metade do diálogo, a parte que o homem de 60 anos fala.

- o tribunal de contas está em cima da empresa. todo mundo tem processo. e só por mixaria. são uns merdas.
- ensinei todo mundo lá dentro a roubar. quando eu entrei o pessoal não sabia nem superfaturar um projeto direito. eu pegava e falava, tá com uma obra? fala que a empreiteira precisa de tanto, e eles jogavam tanto a mais. aí eu falava: pode botar mais sem medo, na hora da auditoria a gente fica mais safo se tiver um sobrando pra molhar a mão dos caras.
- hoje em dia eu não esquento mais a cabeça. o que eu quero é deitar a cabeça no travesseiro e dormir. é só isso que eu quero. antes eu me preocupava, não dormia direito. agora chegam pra mim e falam: tem uma obra aqui e dá pra tirar tanto, quer? e eu falo que não. são uns merdas, não fazem nada direito e depois ainda querem te passar a perna.
- sabe o que o moreira me falou um dia desses? virou pra mim e disse: tudo bem, já ganhei muita grana nas suas costas. filhadaputa, ensinei aquele viado a roubar.
- hoje, se eu quisesse ainda roubava muito. mas muito mesmo. mas é como eu digo: depois do radinho de pilha, não tem mais bobo. é, tô te falando, é uma máxima minha: depois do radinho de pilha, não tem mais bobo. nem no interior.

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