Tuesday, November 01, 2005

memorabilia

To fill a gap
Insert the Thing that caused it –
Block it up
With other – and ‘twill yawn the more –

Emily Dickinson

Foi por conta do sono da tarde que precisei trocar a camisa. Para me livrar do suor dos sonhos. Alcancei no armário a blusa antiga, daquelas que mal sabemos ainda existir. Eis que, por acidente, roço a mão sobre o peito esquerdo e ouço o inconfundível estalar de papel. Cavo no bolso e retiro um extrato bancário amarelento. 15 de dezembro de 2004. Há um ano, dois dias antes do meu aniversário, eu me encaminhei para o banco e imprimi um extrato. Um fato que já havia sido reduzido a uma não-lembrança traz à tona uma cornucópia de sons, toques e cheiros de que não me lembrava de que sentia falta. Um objeto sussurra no meu ouvido versos de amores perdidos. Seu hálito me lembra flores mortas.

20 Comments:

Blogger Gabriel M. Faria said...

Companheiro Morais,

diga-me: por que “esconde sua prosa”, como disse Maicon? É linda! Você transforma acontecimentos fúteis em uma linha de reflexão poética! Bem, acho que sei o porquê: você sabe quando e como publicar, para prender leitorzinhos como eu, não? Assuma!

“Um fato que já havia sido reduzido a uma não-lembrança traz à tona uma cornucópia de sons, toques e cheiros de que não me lembrava de que sentia falta” – genial.

12:37 PM  
Blogger fabiano m. said...

jovem gabriel,

obrigado pelos elogios. ainda estou em falta contigo, pois ainda não li com calma os textos do seu blog. deixe a tormenta em que estou envolvido passar e eu o farei.

forte abraço,
fabiano

10:48 PM  
Blogger Gabriel M. Faria said...

‘Tô puxando o saco demais. Tenho que arranjar alguma coisa n‘O Metafrasta pra falar mal. Quando ‘cê achar uma, me fala.

Quanto ao meu blog... se quiser visitar, visite. Se não quiser, sem problema. Vou continuar visitado esse aqui (e comentando, quando possível).

Abração,
Gabo.

7:20 AM  
Blogger Gabriel M. Faria said...

“Vou continuar visitando”, I mean.

7:20 AM  
Blogger ideiasaderiva said...

E de repente, nós que gostamos tanto de criticar, nos vemos obrigado a resumir-nos em "parabéns. muito bom este texto."

Abraço.

2:27 AM  
Blogger Rômulo Souza said...

Dinheiro, dinheiro... O velho problema que persegue os escritores de todos os períodos da história! Pelo menos, aqui, ele foi abordado de modo suave. Gostei! Voltarei da próxima vez com comentários mais taludos! rsrs

Um abraço,

Rômulo

10:24 PM  
Blogger [sic]. said...

É, a tela do computador faz mesmo milagres: li e reli o texto de novo, senti as sílabas se destacando umas das outras, os cheiros vieram de fato, entendi, sim senhor, o significado daquele pedaço de papel rabiscado que você nos mostrou na meia-luz do Mãe D'Água. É, escreva mais pecinhas deste tipo, tâmujunto...

P.S.:acho que o Gabriel arrumou um novo ídolo..agora tá contigo, Reverendo...

10:32 PM  
Blogger ideiasaderiva said...

Eu acho que o Rômulo caminhou em outras praias neste texto... Mas, não se preocupe... em breve, nas bancas, Depoimentos dos amigos do Fabiano... rs
Abraço.

4:47 AM  
Blogger fabiano m. said...

rômulo: o senhor se refere ao texto anterior, certo? e que estória é esta de "comentários mais taludos"? este blog é espada! rs...

maicon: tenho mais textículos desta lavra. acho que os postarei aqui oportunamente.

6:24 AM  
Blogger Rômulo Souza said...

Caro reverendo, estava me referindo ao outro texto sim. No entanto, acho que não deveria ter compartilhado uma de minhas estranhas associações entre os textos com o meu comentário. Causei, equivocadamente, a sensação de "estar caminhando em outras praias", como disse o nosso amigo Max. Portanto, prometo ter mais cuidado em meus comentários que serão mais taludos sim! Saiba o senhor que esse termo tem uma conotação mais machista do que você possa ter imaginado. Bom, essa parte, prefiro deixar para a psicanálise! rsrsr

Um abraço,

Rômulo

10:02 AM  
Anonymous Anonymous said...

Porra Reverendo, pára com esta balela de que o senhor não prepara seus textos, porque isso me causa uma profunda tristeza por mim mesmo.

12:06 PM  
Blogger [sic]. said...

HUAHUAHUAHUAHUHA, boa, Ivan, essa estória não convence mais ninguém!

7:36 PM  
Blogger André said...

e aí meu chapa?
putz, tao logo eu conserte meu computador! ele tá de chico. levei pra assistencia tecnica, trocou a fonte, os coolers, e voltou a dar problemas.

qdo tiver ele de novo, compro uns dvd-r's e aí fazemos a troca, ok?

braçao.

3:50 AM  
Blogger fabiano m. said...

ivan: rapaz, nem me lembro direito em que ocasião disse isso... refresque minha memória hoje no "conversando..."

andré: beleza, assim que estiver tudo me ordem a gente faz o escambo!

6:31 AM  
Blogger Otavio Meloni said...

errata " tudo em ordem" e não me ordem n~]ao seria reverendo...

11:39 AM  
Blogger fabiano m. said...

a que ponto chegamos: errata em comentário... tsk, tsk...

11:49 AM  
Anonymous Anonymous said...

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Anonymous Anonymous said...

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5:05 AM  
Anonymous Anonymous said...

Gray Room

Although you sit in a room that is gray,
Except for the silver
Of the straw-paper,
And pick
At your pale white gown;
Or lift one of the green beads
Of your necklace,
To let it fall;
Or gaze at your green fan
Printed with the red branches of a red willow;
Or, with one finger,
Move the leaf in the bowl--
The leaf that has fallen from the branches of the forsythia
Beside you...
What is all this?
I know how furiously your heart is beating.

Wallace Stevens

5:39 PM  

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