paris calling
a frança arde. em um país que sempre nos foi vendido como exemplo de glamour, sofisticação e riqueza ouve-se nas rádios gritos de "a banlieue (perifeira) é a frança". são onze dias de revolta popular, e o saldo é de 4.700 carros incendiados, 1.200 pessoas presas e 3 mortos, além da instauração de um toque de recolher, legitimado pelo primeiro-ministro villepin.
além das informações acima, leio no jornal que a revolta se espalha por bruxelas e berlim. o mesmo jornal diz que este é um "toque de recolher contra a violência" e que a europa está "assustada". ora, por que só se fala de violência quando os pobres queimam carros? não é "violência" segregar imigrantes vindos de países igualmente violentados pela europa nos tempos - tão recentes - da colonização? estes mesmos imigrantes já não estão, há anos, "assustados"? não vivem num estado de medo constante? medo do desemprego, da discriminação, de serem linchados por usarem roupas islâmicas e por professarem seus credos?
quando as camadas mais pobres são levadas a um estado de degradação humana pela estrutura, elas não vêem outra saída senão se rebelar contra a mesma estrutura que as oprimiu. esta rebelião só pode se dar através da instauração do caos, da desobediência civil, da ruptura com as leis de conduta promulgadas pelo estado. se o estado se sente agora acuado diante do que denominam "selvageria" está somente sentindo o gosto tardio da selvageria institucionalizada a qual estas minorias que agora se revoltam foram submetidas.
em vários lugares do mundo, focos de rebelião eclodem e são acusados de extremistas. em entrevista ao jornal "o globo", tarek kawtari, porta-voz do movimento de imigração e da periferia na frança, responde à seguinte pergunta: "o senhor está de acordo com os métodos de queimar carros":
"estar ou não de acordo não é o problema. [esta] é uma manifestação de desespero. no fundo, são pessoas que querem mostrar que não se deve passar por cima da diginidade dos outros. há 30 anos governos sucessivos, de esquerda e direita, dizem que vão fazer algo. mas não há vontade real de mudar. agora, porque quatro ou cinco pessoas estão queimando carros vão criminalizar o problema. e é a criminalização que vai aparecer mais forte do que os problemas sociais e políticos."
falou quem está no bojo da questão. tarek termina a entrevista dizendo: "a resposta é nos organizarmos e sermos solidários entre nós. temos que ser mais fortes."
lembrando corisco: "mais fortes são os poderes do povo".
além das informações acima, leio no jornal que a revolta se espalha por bruxelas e berlim. o mesmo jornal diz que este é um "toque de recolher contra a violência" e que a europa está "assustada". ora, por que só se fala de violência quando os pobres queimam carros? não é "violência" segregar imigrantes vindos de países igualmente violentados pela europa nos tempos - tão recentes - da colonização? estes mesmos imigrantes já não estão, há anos, "assustados"? não vivem num estado de medo constante? medo do desemprego, da discriminação, de serem linchados por usarem roupas islâmicas e por professarem seus credos?
quando as camadas mais pobres são levadas a um estado de degradação humana pela estrutura, elas não vêem outra saída senão se rebelar contra a mesma estrutura que as oprimiu. esta rebelião só pode se dar através da instauração do caos, da desobediência civil, da ruptura com as leis de conduta promulgadas pelo estado. se o estado se sente agora acuado diante do que denominam "selvageria" está somente sentindo o gosto tardio da selvageria institucionalizada a qual estas minorias que agora se revoltam foram submetidas.
em vários lugares do mundo, focos de rebelião eclodem e são acusados de extremistas. em entrevista ao jornal "o globo", tarek kawtari, porta-voz do movimento de imigração e da periferia na frança, responde à seguinte pergunta: "o senhor está de acordo com os métodos de queimar carros":
"estar ou não de acordo não é o problema. [esta] é uma manifestação de desespero. no fundo, são pessoas que querem mostrar que não se deve passar por cima da diginidade dos outros. há 30 anos governos sucessivos, de esquerda e direita, dizem que vão fazer algo. mas não há vontade real de mudar. agora, porque quatro ou cinco pessoas estão queimando carros vão criminalizar o problema. e é a criminalização que vai aparecer mais forte do que os problemas sociais e políticos."
falou quem está no bojo da questão. tarek termina a entrevista dizendo: "a resposta é nos organizarmos e sermos solidários entre nós. temos que ser mais fortes."
lembrando corisco: "mais fortes são os poderes do povo".
15 Comments:
EN-GA-JA-DO RA-PAZ... Belo texto que ressalta sua capacidade em cronicar questões diferentes... não estou muito informado sobre este assunto e pude adquirir novas informações através de seu texto... Parabéns reverendo, um abraço.
va-leu, otávio! forte abraço.
O que assusta é que, enquanto isso, em um país distante, com um governo de esquerda, os bancos atingem lucros inimagináveis em governos de direita e militar... a população invade as ruas para fazê-las de residência... no silêncio da desigualdade (neste país estranho, os pobres, os miseráveis não sabem gritar ou quebrar), uma Ferrari desfile por garotos malabaristas e meninas prostitutas... e tudo dentro da lei... aliás, a lei e as taxas foram feitas para levar à marginalidade...
Neste mesmo país, há alguns anos, bloqueou-se a poupança da população média e não houve nenhum barulho significante... Estranho país este em que os pensamentos de revolta acontecem nos bares feios e com semi-bêbados que logo desistem e voltam a inconsciência do silêncio barulhento e inofensivo. Estranho país, este. Não?
ao menos tira essa pompa francesa, o preconceito é grande e finalmente estourou
pra parar com essa idéia que Europa é melhor que EUA ou outro local sequer
burn Paris, burn!
O que assusta é o E-ter-no Re-tor-no, hahaha! Esses problemas sociais são antigos. Eles vão se repetir ainda enquanto o homem não lembrar que vivemos em Sociedade! Ninguém está interessado em compartilhar riquezas e aí formam-se grupos que defendem os seus próprios interesses. Só que o destino é sábio porque sempre os marginalizados, mesmo fragilizados, comseguem incomodar a margem. Todo o caos social seria, pelo menos, suavizado (para não dizer mitigado) se soubêssemos enterder a difícil arte do convívio. Pois "A história da sociedade está nessa eterna luta entre as classes". O Marx só morreu para deixar essa merda para gente. Gostei do texto, Fabiano.
Um abraço,
Rômulo
Ps.: A mania Marlon está aí. Também tenho um blog! Seria uma honra ter o comentário do reverendo...
AHÁ, Rômulo fez propaganda do próprio blog! Depois dizem por aí que o carente afetivo sou eu...
Reverendo, aproveite suas férias, c*ralho, atualize o metafrasta, faz favor...
Preciso comentar sua crônica?
Desculpe-me Marlon, mas fiz apenas uma brincadeira. Comento o blog das pessoas e ninguém aparece no meu (exceto a minha amiga Clarissa)... Não sou esse carente afetivo que você diz. Devemos respeitar a nossas individualidades.
Um abraço,
Rômulo
grande fabiano.
aqui no aguardo de atualização.
textos como os seus fazem falta, sabia?
abraços
ilustre andré!
estou mesmo displicente em relação ao metafrasta... ...até o fim de semana atualizo sem falta! estou pensando em escrever sobre um filme japonês que conheci através do renato doho, "kairo" (aka "pulse"), de 2001. conhece?
vi o episódio do gordon do masters of horror, achei bem legal, mas ainda prefiro os filmes baseados no lovecraft. baixo agora no emule o argento.
ah, já resolveu aquele problema no seu computador?...
forte abraço.
fabiano, resolvi sim, acho que em dezembro podemos armar nossa troca.
e pulse é simplesmente maravilhoso. pegou em dvd?
abração!
Ô Reverendo, o que houve? Não gostou do meu comentário? Nenhuma crítica, nada... Ainda bem! rsrs
Um abraço,
Rômulo
sumiu?
Well done!
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